sexta-feira, abril 27, 2007

Porque não estás na montra

Gostava que me ouvisses dizer-te baixinho que gosto de ti, que a tua maneira idiota de ser me fascina, que os teus tiques infantis me fazem rir. Gostava de poder dizer cara a cara o que significas pra mim.
Talvez seja loucura, talvez seja uma fuga da realidade, talvez me tenha encantado a maneira como tu passas pela vida, como se a vida te passasse ao lado.
Talvez tenha sido pela música, pelas estrelas, pelo sorriso maroto, ou até pelas palavras pouco simpáticas que ás vezes soltas, com ar de senhor sabe tudo.
Escrevo para tentar acalmar esta vontade … Se o silêncio mudo fosse calava-se em mim esta vontade de te ver, de te tocar…
Não conheço a razão de tanto nervosismo e ansiedade que causas em mim, só sei que quando estas perto, tudo passa… apenas sinto… Transmites-me calma, aquela calma, que eu procurava em mim, antes de a encontrar em ti.
Não sei porque, mas dás-me inspiração pra escrever, aqui e agora… ouço umas musicas que normalmente chamarias de “musica de gaja” e imagino-te num quarto onde o tempo não tem lugar… porque pra ti não é preciso tempo nem lugar, simplesmente vives…
Magoas-me com o teu desprezo quase sensível, com as duras palavras mas não cruéis, com os olhares que não são pra mim, mas que me procuram…
E foi simplesmente o facto de não seres daqueles que só olho da montra, mas sim porque entras-te sem pedir licença, que te tornas-te tão natural, tão especial…E mesmo que ninguém nunca encontre nestas palavras o verdadeiro significado com que agora as escrevo, já valeu apena, porque me encontro, mesmo quando te perco…

terça-feira, abril 03, 2007

A estrela

A estrela

Ao avô


Quando somos crianças vivemos da forma mais pura possível. De manhã acordamos com um sorriso na cara porque nos vamos encontrar com a melhor amiga na escola, porque nos intervalos vamos correr atrás das borboletas e imitar as estrelas pop que mais gostamos… Depois vivemos sempre com o coração a mil á hora, só a espera do momento em que vamos chegar a casa e brincar com a casa das ‘barbies’, que sempre sonhamos, e que por acaso o pai natal trouxe nesse natal.
Vivemos momentos de carinho quando a mãe e o pai nos tapam antes de dormir e dizem “bons sonhos”, e depois sonhamos com o tal rapaz traquina, aquele que diz palavrões e faz asneiras no meio das aulas… E ai descobrimos a primeira paixão, aquela paixão que pensamos ser pra sempre… Quando somos crianças não vemos maldade nas coisas… apenas sonhamos e sonhamos…
Por vezes temos que aprender a crescer muito depressa, e nem todas as crianças acompanham esse crescimento.
As vezes descobrimos a morte mesmo antes de descobrir o verdadeiro significado da vida. E pensamos, porquê?
E a resposta que nos dão é “porque Deus assim quis”….
Sem saber nem como nem porque, começamos a sentir saudades, uma saudade que vai para além da dor, uma saudade de tempos que poderiam ter sido vividos, mas “porque Deus assim quis” nem chegaram a acontecer…
Aí pensamos, quem morre, vai para o céu e vira estrela… Mas as estrelas estão tão longe… são tão inalcançáveis…
Com o passar o tempo, começamos a perceber, que essa saudade, é nossa amiga, e que algumas estrelas nem sempre estão tão longe… Porque vivem dentro nós, porque nos acompanham, porque nos guiam, porque nos ensinam a ver as coisas com olhos de criança, mesmo depois de crescermos.
O passado ajuda-nos a compreender o presente, e a aceitar que nem sempre temos o poder de decidir tudo… Mas o amor, esse, está sempre lá, perto da estrela que reside cá dentro.
E começamos a sentir que o calor dessa estrela, que há tanto tempo foi embora, continua ali, aceso, e é ele que nos ilumina e nos dá força e esperança. Á noite, quando olhamos as estrelas e pedimos que os nossos sonhos se realizem, ele está lá, ele ouve-nos, ele compreende-nos e ensina-nos a sermos crianças sempre, e a procurarmos dentro de nós, essa estrela.